quarta-feira, 4 de outubro de 2023

CÂNCER DE MAMA EM HOMENS

O câncer de mama em homens é uma realidade que, embora menos comum do que em mulheres, merece atenção e conscientização. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os casos de câncer de mama em homens representam cerca de 1% do total12. Em 2020, foram registrados 207 óbitos de homens por câncer de mama no Brasil1.

A dificuldade e os tabus em torno do câncer de mama em homens muitas vezes estão relacionados à falta de informação e à percepção equivocada de que se trata exclusivamente de uma doença feminina. Isso pode levar a diagnósticos tardios e, consequentemente, a um tratamento mais complexo.

O autoexame é uma ferramenta importante para a detecção precoce do câncer de mama, tanto em mulheres quanto em homens34. Homens também devem realizar autoexames constantes da mama, idealmente a cada três meses5.

Quando se trata do diagnóstico do câncer de mama em homens, os mesmos exames realizados nas mulheres são geralmente aplicados: mamografia, ultrassom das mamas e ressonância magnética das mamas678. O diagnóstico é confirmado por meio da biópsia do nódulo e análise do patologista9.

O tratamento do câncer de mama masculino é similar ao feminino, baseando-se no uso isolado ou combinação dos seguintes métodos: cirurgia, radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia conforme o estadiamento10111213.

Acompanhamento médico regular é crucial para monitorar a progressão da doença e ajustar o tratamento conforme necessário. A equipe médica pode incluir especialistas como cirurgião, oncologista e radiooncologista, além de enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, assistentes sociais e psicólogos11.

A divulgação e propagação da conscientização sobre o câncer de mama em homens são fundamentais para combater os tabus existentes e promover a detecção precoce. No Brasil, estima-se que sejam diagnosticados pelo menos 500 casos anuais de câncer de mama em homens14. Ainda assim, muitos homens não estão cientes do risco.

Por fim, é importante lembrar que os homens também são convidados a participar do Outubro Rosa15, uma campanha anual destinada a aumentar a conscientização sobre o câncer de mama. A participação dos homens pode assumir muitas formas, desde usar uma peça rosa ou um laço rosa no peito até conversar com as mulheres mais próximas sobre a importância da detecção precoce.

Portanto, vamos juntos nessa luta contra o câncer de mama. Homens também podem ser afetados e têm um papel importante na conscientização sobre essa doença.

terça-feira, 3 de outubro de 2023

MULHERES NEGRAS, DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E ACOMPANHAMENTO DO CÂNCER DE MAMA.


O câncer de mama 
É uma das principais causas de morte entre as mulheres em todo o mundo, e infelizmente, as mulheres negras são desproporcionalmente afetadas por essa doença. Apesar de todos os avanços no diagnóstico e tratamento do câncer de mama, as mulheres negras ainda enfrentam dificuldades significativas nesse contexto, tanto em relação ao diagnóstico precoce quanto ao acesso adequado ao tratamento. Essas dificuldades têm raiz em um problema mais amplo: 
o racismo estrutural presente na sociedade brasileira.

Dados estatísticos comprovam que as mulheres negras apresentam maiores taxas de mortalidade por câncer de mama em comparação com as mulheres brancas. Essa discrepância se deve a várias razões, entre elas, a dificuldade no diagnóstico precoce. Segundo o IBGE1, as mulheres negras têm menos acesso aos serviços de saúde e realizam menos exames preventivos do que as mulheres brancas. Além disso, o IPEA2 aponta que as mulheres negras têm menor renda, escolaridade e condições de trabalho do que as mulheres brancas, o que dificulta a busca por tratamento adequado e a adesão às terapias.
Outro fator que contribui para a maior mortalidade por câncer de mama entre as mulheres negras é a falta de representatividade nas campanhas de conscientização e nas pesquisas científicas sobre a doença. Segundo o Instituto Oncoguia3, as mulheres negras são quase invisíveis nas campanhas sobre câncer de mama, que geralmente retratam mulheres brancas e jovens. Essa invisibilidade pode gerar desinformação, estigma e baixa autoestima nas mulheres negras, que podem se sentir excluídas e desvalorizadas. Além disso, as pesquisas científicas sobre o câncer de mama também são escassas em relação às especificidades das mulheres negras, que podem apresentar diferenças biológicas, genéticas e ambientais que influenciam na incidência e na resposta ao tratamento da doença.
Diante desse cenário, é fundamental que sejam adotadas políticas públicas afirmativas de promoção da igualdade étnico-racial e da proteção dos direitos das mulheres negras com câncer de mama. Essas políticas devem envolver a ampliação do acesso aos serviços de saúde, a garantia da qualidade do atendimento, a diversificação das campanhas de conscientização, o incentivo à participação das mulheres negras nas pesquisas científicas e o combate ao racismo institucional e à discriminação nos espaços de saúde. Além disso, é importante que sejam fortalecidas as redes de apoio e acolhimento às mulheres negras com câncer de mama, como as entidades voltadas a temáticas étnico-raciais, que podem oferecer suporte emocional, social e jurídico às pacientes.

Jucelio Franco 

Coordenador do INSTITUTO AGONTINMÊ e do COLETIVO HOMENS,  FALANDO DE SUA SAÚDE.