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segunda-feira, 24 de maio de 2021

Vitima de atentado a bala, líder do movimento Black Lives Matter , conhecida como a "Pantera Negra de Oxford", está em estado grave.

 
(Foto: Getty)

Áudio de Matéria no final da pagina.

Organização de Sasha Johnson, o Taking The Initiative Party, revelou que inglesa recebeu inúmeras ameaças de morte.

O partido Taking the Initiative revelou que Sasha Johnson, uma das principais ativistas do movimento Black Lives Matter no Reino Unido e que ficou conhecida como a Pantera Negra de Ofxord, está internada em estado grave na UTI depois de ser "brutalmente atacada" na madrugada de domingo. O grupo alega que o ataque, ocorrido em Southwark, no sul de Londres, ocorreu após "inúmeras ameaças de morte". 

Sasha foi baleada na cabeça na madrugada de domingo perto de uma festa em Londres, quando estava ao lado de alguns de seus apoiadores, que insistem que o atentado foi "o resultado de seu ativismo". No entanto, a Polícia Metropolitana insiste que não há nada que sugira que tenha sido um ataque direcionado ou que a vítima tenha recebido ameaças confiáveis ​​contra ela antes do tiroteio, por volta das três da manhã de ontem.

Os policiais disseram que a mulher foi levada a um hospital no sul de Londres com ferimentos fatais e abordaram testemunhas atrás de depoimentos para descobrir quem teria efetuado o disparo. Detetives do Comando de Especialistas em Crimes do Met estão conduzindo investigações no local e na área ao redor e estão abordando diferentes linhas de investigação.

Em depoimento, um representante da polícia afirmou: "Este foi um incidente chocante que deixou uma jovem com ferimentos muito graves. Nossos pensamentos estão com sua família, que está recebendo apoio neste momento terrivelmente difícil". "Se você viu algo suspeito na área da Consort Road nas primeiras horas da manhã de domingo ou se ouviu informações que desde então poderiam ajudar os detetives, é fundamental que você entre em contato", continuou o investigador. 

 Sasha, mãe de dois filhos e formada pela Oxford Brookes University, tem sido uma figura importante no movimento Black Lives Matter no Reino Unido e é membro do comitê de liderança do Taking the Initiative Party. Em comunicado oficial, a organização escreveu: "Sasha sempre lutou ativamente pelos negros e pelas injustiças que cercam a comunidade negra, além de ser membro do BLM e do Comitê de Liderança Executiva do Taking the Initiative Party. Sasha também é mãe de dois filhos e uma voz forte e poderosa para nosso povo e nossa comunidade. Vamos todos nos reunir e orar por Sasha, orar por sua recuperação e mostrar nosso apoio a sua família e entes queridos".

Fonte: Revista Monet Globo

Áudio de Matéria:


terça-feira, 18 de maio de 2021

QUATRO MENINAS BRASILEIRAS ESTUPRADAS POR HORA. UM CRIME GENERALIZADO E SILENCIADO

 


Uma garota em um parque em São Paulo nesta quinta-feira. Mais da metade dos estupros no Brasil são contra menores de 13 anos. LELA BELTRÃ

Reportagem em áudio  no final da pagina:

Mais de 5.300 menores de 13 anos no Brasil denunciaram abusos sexuais em 2019. A ponta do iceberg, pois considera apenas o que chega aos ouvidos da polícia

Geralmente são notícias curtas na imprensa local. “Um homem e uma mulher foram presos pelo estupro de uma menina de 13 anos. O delegado explica que o homem, casado com uma tia da vítima, a estuprou durante seis anos. Os fatos eram do conhecimento da mãe e da avó”. As prisões aconteceram na quarta-feira, 5 de maio, em Pinheiros, cidade de 77.000 habitantes no Norte do Brasil. Nem a idade da vítima nem as circunstâncias são algo excepcional. Informação anódina que narra crimes cotidianos. As estatísticas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) são chocantes. A cada hora, quatro meninas menores de 13 anos são estupradas no Brasil, de acordo com os números mais recentes. Mais da metade das 5.636 vítimas em 2019 tinha menos de 13 anos.

E isto é apenas a ponta do iceberg, pois considera apenas o que chega aos ouvidos da polícia ou dos serviços de saúde. “A violência sexual contra crianças está envolvida por um pacto de silêncio”, enfatiza Márcia Bonifácio, chefe de uma equipe de psicólogos e psicopedagogos da Prefeitura Municipal de São Paulo que apoia as escolas quando surge um aluno problemático. Seu comportamento muitas vezes esconde que é vítima de violência sexual ou de algum outro tipo.

Três brasileiras, a educadora Bonifácio, a promotora Renata Rivitti e a diretora do Instituto Liberta, Luciana Temer, usam sua vasta experiência para ajudar a entender os contornos desse crime tão arraigado nesta cultura patriarcal e machista repleta de tabus que, ao mesmo tempo, promove a sexualização precoce. “É um círculo muito perverso com poucos finais felizes”, diz Bonifácio.

A vítima pode ser uma menina de quatro anos que se masturba quatro vezes ao dia na aula, uma garota de 10 anos que começa a mostrar a figura de uma mulher grávida, um menino de sete anos que obriga seus colegas a fazer sexo oral, uma adolescente aplicada e retraída que aparece com um olho roxo e oferece explicações pouco credíveis... As vítimas não seguem um padrão. Os agressores sim: “Não tenho notícias de nenhum caso em que a agressão tenha sido perpetrada por um estranho”, diz Bonifácio. Geralmente pertence ao entorno familiar. O pai, o padrasto, irmãos mais velhos, tios, avós, amigos da família...

Aqueles que combatem a violência sexual contra as crianças insistem em como ela é democrática. No muito desigual Brasil, não diferencia raças ou classe social. A Unicef estima que 120 milhões de mulheres tiveram um contato sexual indesejado antes dos 20 anos.

O Código Penal Brasileiro considera estupro de pessoa vulnerável manter relações carnais ou praticar qualquer ato libidinoso com menor de 14 anos. As agressões podem começar muito cedo e durar muitos anos. Não é rara a cumplicidade da mãe ou de outros parentes, nem que a vítima seja responsabilizada por destruir a família ou deixá-la sem amparo quando o agressor é quem traz o dinheiro para casa. Costuma ser um processo in crescendo, no qual os abusos são cada vez mais invasivos, mas sutis. Muitas vezes não deixam marcas.

Márcia Andrea Bonifácio lidera uma equipe de apoio às escolas que detectam casos de violência sexual. LELA BELTRÃO

“Quando têm entre zero e seis anos, as vítimas têm pouco repertório, podem até perceber isso como uma brincadeira, como uma demonstração de carinho, sentem prazer, não têm parâmetros e é muito comum o agressor exigir que guardem o segredo”, explica a promotora Rivitti. Elas são pequenas demais para distinguir o que é certo e o que não é. Uma dificuldade que não depende apenas da idade. Bonifácio, cuja equipe se chama Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem, lembra o caso de uma adolescente de 13 anos de uma família evangélica que descobriu em uma aula de ciências que aquilo que o pai fazia com ela desde que com oito menstruou pela primeira vez era sexo. Aquela garota não tinha televisão, celular ou internet. Por isso, diz a promotora, as aulas de educação sexual são tão importantes. 

Os casos mais graves vêm à tona em um hospital

Detectar o abuso é o primeiro passo. Quando são pequenos, geralmente se descobre pelo comportamento na escola. Se forem mais velhos, contam a alguém de confiança. Os casos mais graves vêm à tona em um hospital.

Descobrir o abuso não é fácil, proteger a vítima sem minimizá-la, tampouco. E perseguir o crime, menos ainda. A promotora Rivitti afirma que levar a vítima para um abrigo deve ser o último recurso. Grande é o risco do que chamam de violência institucional. Se depois de peregrinar por diferentes serviços para repetir seu primeiro relato perante o conselho tutelar, a polícia, o hospital, submetendo-se a uma avalanche de perguntas e um minucioso exame pericial, a menina acaba longe de seus parentes, de seu bairro, de sua escola e de seus amigos, ela se culpa. Diz ‘minha boca está amaldiçoada, eu falei e me castigaram’.” Algumas se desmentem porque o preço que pagam por revelar o abuso não lhes compensa.

“Temos que dar informações às vítimas para que entendam o que é o abuso, para que saibam relatá-lo e temos que dar crédito ao que dizem”, insiste a promotora Rivitti. Isso é um começo. Depois tentam identificar um membro da família para proteger a menina em casa e afastar o estuprador. Se ele é fonte de renda, tentam buscar ajuda financeira.

E a punição aos agressores? Conseguir um caso suficientemente sólido para ser levado ao juiz é outra grande dificuldade. Geralmente é a palavra da criança contra o adulto. O pior pesadelo de quem combate o estupro infantil é que o tribunal absolva o acusado. “Não podemos entregar o cordeiro ao lobo com aval judicial”, alerta a promotora.

Apesar da complexidade do desafio, cada uma das três lutas em uma frente para que na próxima hora quatro brasileiras menores de 13 anos não sejam estupradas. Temer o faz à frente do Instituto Liberta, com documentários como Um crime entre nós, com o qual busca sensibilizar, romper “o círculo perverso da normalização do abuso”. Entre os recrutados para a missão, um dos homens mais famosos do Brasil, o apresentador da Rede Globo Luciano Huck, cujo nome é citado como candidato à presidência.

A promotora Rivitti tenta replicar no Estado de São Paulo o modelo que criou em Jacareí, cidade de 235.000 habitantes do interior, onde através da coordenação dos serviços educacionais, sociais e de saúde conseguiu proteger melhor as vítimas, o que levou a mais denúncias, menores testemunhas em julgamentos e mais condenações. Ela trabalha com uma rede de 70 outros promotores.

Com as escolas fechadas durante meses devido à pandemia, a equipe liderada por Bonifácio abriu novos canais para os alunos lançarem um SOS. Criou um site que canalizou as denúncias de 200 casos de violência em nove meses. Destes, 56 eram de violência sexual.

Fonte: EL/PAIS/BRASIL

Áudio Reportagem:


sábado, 15 de maio de 2021

ESTADOS NÃO SABEM RAÇA DE MAIS DE 1/3 DOS MORTOS PELA POLÍCIA EM 2020; DADOS DISPONÍVEIS MOSTRAM QUE 78% DAS VÍTIMAS SÃO NEGRAS

 

Imagem: Site Catraca livre

Reportagem Também em Áudio no fim da pagina.

Onze estados não fornecem as informações das vítimas das duas polícias. Mesmo entre os que coletam os números, há vários casos de ‘raça não informada’. Dados divulgados revelam que quase 4 em cada 5 mortos são negros.

Os estados brasileiros não sabem ou não informam a raça de mais de 1/3 das pessoas mortas pela polícia em 2020. Ao menos 11 unidades da federação não passam nenhum tipo de informação sobre a raça/cor da pele das vítimas das duas corporações (polícias Militar e Civil). Mesmo entre os que coletam e disponibilizam os dados, há vários casos de “raça não informada”.

Considerando apenas os casos em que a raça é divulgada, os números revelam que 78% dos mortos pelas polícias são negros.

É o que mostra um levantamento exclusivo feito pelo G1 dentro do Monitor da Violência, uma parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Núcleo de Estudos da Violência da USP.

LEVANTAMENTO NACIONAL: Número de policiais mortos cresce em 2020; o de pessoas mortas em confrontos tem ligeira queda

PÁGINA ESPECIAL: Mapa mostra mortes por policiais no país

ANÁLISE DO FBSP E DO NEV-USP: Polícias (in)controláveis

INICIATIVA: Grupo de ativistas combate impunidade em casos de violência policial na periferia

METODOLOGIA: Monitor da Violência


Falta transparência na divulgação da raça de mortos pela polícia — Foto: Guilherme /G1

Os pedidos foram feitos para as secretarias da Segurança Pública dos estados (e diretamente para as corporações em alguns casos) por meio da Lei de Acesso à Informação e das assessorias de imprensa. Foram solicitados os casos de “confrontos com civis ou lesões não naturais com intencionalidade” envolvendo policiais na ativa.

Com exceção de Goiás, que não divulga nenhuma informação, todos os estados informam a quantidade de pessoas mortas pela polícia: 5.660, uma ligeira queda (-3%) em relação a 2019.

Dez estados, porém, não divulgam as mortes em confronto policial por raça, informação que também foi solicitada pelo G1. Assim, com Goiás, são 11 os estados que não divulgam as informações raciais de forma completa (de ambas as polícias). Eram 12 no último levantamento, referente ao primeiro semestre do ano passado.

O levantamento mostra que:

a raça de 2.064 das 5.660 pessoas mortas pela polícia em 2020 não é conhecida, ou seja, 36% do total

11 estados não divulgam os dados de raça das vítimas de ambas as polícias

das 3.596 vítimas para as quais há a informação da raça, 2.815 são negras (78%)

Acre e Roraima são os únicos estados que informam a raça de todas as vítimas mortas no ano

mesmo entre os estados que coletam os dados, 1.013 vítimas aparecem como raça “não informada” ou “desconhecida”

Falta de transparência

Para Felipe Freitas, pesquisador do Grupo de Pesquisa em Criminologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, a falta de informações impede a construção de políticas públicas democráticas na área da segurança.

“Nas áreas da saúde e da educação, por exemplo, só foi possível avançar em uma agenda de enfrentamento ao racismo à medida em que se qualificaram os instrumentos de registro das informações, que permitiram identificar a desigualdade racial”, compara.

Além da não divulgação dos dados, a falta de padronização chama a atenção. Há casos em que “albino” foi considerado uma raça, por exemplo, sendo que o albinismo é uma doença, e não uma categoria racial.

A referência é a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que trabalha com as seguintes opções: branca, preta, parda, indígena ou amarela. Os pardos e pretos compõem os negros.

Para superar essas dificuldades, Freitas aponta que um dos caminhos é treinar as equipes da área da segurança pública para perguntar e preencher a informação sobre sobre raça/cor, assim como ocorreu nos serviços públicos de saúde.

“A área da saúde passou quase dez anos investindo em formação para que eles aprendessem a, no atendimento da atenção básica, perguntar qual a raça/cor dos pacientes. É preciso desenvolver o processo de formação, corrigir os sistemas para não permitir que se avance sem preencher essa informação e retirar as categorias ignorado ou ‘não quis declarar’, que criam uma limitação estatística gigantesca”, exemplifica.

Não houve nenhum caso enquadrado como “indígena”, por exemplo, no levantamento do G1. Isso não quer dizer que nenhuma pessoa indígena foi, de fato, morta pela polícia. Como não existe uma padronização oficial de preenchimento, elas podem ter sido categorizadas como pardas ou podem constar da categoria “não informado”.


Manifestantes erguem a bandeira do Black Lives Matter — Foto: Kerem Yucel/AFP

Por que a polícia mata mais negros?

Para Felipe Feitas, o racismo estrutural explica por que a polícia mata mais pessoas pretas e pardas. “O peso das representações negativas e dos estereótipos em relação às pessoas negras produz socialmente essa autorização para matá-las”, afirma.

No entanto, há questões técnicas, relacionadas à dinâmica entre a polícia e o Judiciário, que influenciam essa seletividade, diz. 

“O modelo de policiamento brasileiro é ostensivo, de grandes operações e de flagrante. E a atuação do policial na rua é muito influenciada pelas práticas discriminatórias que estão presentes na sociedade. Assim, há um alto grau de discricionariedade no contato com a população. E o Judiciário é muito frágil em estabelecer balizas para a ação policial”, explica Freitas.

Negros são 78% dos mortos pelas polícias no Brasil em 2020. — Foto: Elcio Horiuchi/G1

A diretora da Anistia Internacional, Jurema Werneck, também aponta a responsabilidade do Judiciário e do Executivo, principalmente dos governadores, nos assassinatos de negros cometidos pelos agentes de estado. 

“Não é só matar, é deixar matar. O racismo na administração do estado também está contribuindo para esse quadro”, afirma Jurema. “E esconder informação é uma estratégia para continuar permitindo essa violação profunda dos direitos humanos das pessoas negras no Brasil."

Como parte da solução, Felipe Freitas aponta que, mais do que focar nas polícias, a sociedade civil precisa pressionar outras instâncias de poder – o Ministério Público, por exemplo, tem a função constitucional de controle externo das polícias.

“E não só para pensar se o policial que age abusivamente está sendo punido ou não, mas que não se valide o produto da ação policial que não é produzida legalmente. Isso é uma forma de estimular uma conduta policial dentro da legalidade e, ao mesmo tempo, reprimir a ação policial fora da legalidade”, diz Freitas.

Morte de George Floyd

Discussões sobre racismo e raça ganharam destaque em todo o mundo capitaneadas principalmente pela onda de protestos que tomou os Estados Unidos após a morte do ex-segurança negro George Floyd por um policial em Minneapolis em 25 de maio do ano passado.


Manifestante segura cartaz com retrato de George Floyd durante protesto em Nova York — Foto: Angela Weiss/AFP

O americano morreu asfixiado após ter o pescoço prensado pelo joelho do policial Derek Chauvin por 8 minutos e 46 segundos. Um vídeo que mostra o momento da sua morte circulou pela internet, aumentando a visibilidade do caso e gerando indignação. Nos dias seguintes, diversas cidades do país registraram protestos por conta da violência policial cometida contra a população negra. Os atos ganharam o mundo e ocorreram também no Brasil.

Chauvin foi expulso da polícia. Nesta terça (20), ele foi considerado culpado em todas as três acusações de homicídio.

Justificativas dos estados para a falta de dados

Os estados que não divulgam as informações de raça têm explicações distintas para a falta de transparência.

No Amazonas, por exemplo, a Secretaria da Segurança Pública diz apenas que “os dados não são coletados com esse detalhamento”.

Já em Minas Gerais, o governo diz que “para elaboração dos dados são necessários trabalhos laboriosos de análise, consolidação e tratamento” e, por isso, não tem condição de passar as informações referentes à Polícia Militar.

No Pará, a justificativa é que “a grande maioria [dos dados] não foi informada no momento do preenchimento do boletim de ocorrência”. O estado, porém, não diz a raça de nenhuma das vítimas.

O Núcleo de Análise Criminal e Estatística da Secretaria da Segurança da Paraíba, por sua vez, diz que, do mesmo modo como é feito pelo IBGE, o método de captação do dado de raça/cor é a “auto declaração”. “Porém, como isso não é possível para as pessoas mortas, na verificação estatística deste quesito utiliza-se o registro da classificação inserida na Declaração de Óbito que compõe o Sistema de Informação de Mortalidade do Datasus.”

“Esse é o documento oficial, muito mais seguro e apropriado do que uma informação de um parente ou de um policial que visualiza o corpo. Em razão disso, como se utiliza outra fonte de dados para a verificação do quesito raça/cor, não é possível desagregar esta variável para as outras classificações do banco de informações oriundas das polícias utilizado pelo núcleo, a exemplo dos inquéritos policiais, de onde vêm as informações para classificar o CVLI como feminicídio, latrocínio, confronto policial, entre outros”, diz a secretaria.

  Fonte:g1.globo

Áudio. 



quarta-feira, 12 de maio de 2021

CHEFE DA PM-RJ CORONEL CARLOS CERQUEIRA, ASSASSINADO EM 1999 POR TENTAR HUMANIZAR A POLICIA MILITAR DO RIO DE JANEIRO.

 


O coronel Carlos Cerqueira foi o policial negro que tentou humanizar a Polícia Militar do Rio de Janeiro e acabou assassinado em um crime até hoje polêmico.

Nos anos 80, o coronel Carlos Magno Nazareth Cerqueira já tinha pelo menos duas décadas de trabalho policial. Ele foi nomeado pelo governador Leonel Brizola para ocupar o cargo de Secretário Chefe de Polícia Militar, órgão recém-criado pelo então governador do Rio de Janeiro, em 1983.

Carlos Cerqueira era umdefensor dos direitos humanos e tinha um entendimento do crime como um produto social, fruto da pobreza e desigualdade. Defendia, desde a época de oficial, que a polícia não deveria usar truculência e violência desmedida contra moradores da periferia, pois nem todos ali eram bandidos. Braço direito de Brizola na segurança, Cerqueira combateu maus policiais e grupos de extermínio durante os anos 80 e início dos anos 90.

Por ser visto como um homem que perseguia policiais e atrapalhava negócios escusos da polícia, Carlos Cerqueira foi perseguido pela própria instituição. Tendo feito muitos inimigos na alta cúpula policial.

Em 1999, o coronel, já reformado, participava de uma reunião da ONG de direitos humanos da qual fazia parte, no edifício Magnus, na cidade do Rio, Cerqueira foi assassinado no saguão do prédio onde trabalha o advogado Nilo Batista, ex-vice-governador.

Duas horas depois, a polícia dava o crime como praticamente elucidado. O assassino seria o sargento Sidney Rodrigues, da PM, atingido, em seguida ao crime, por um tiro na nuca, supostamente disparado por um segurança da terma Aeroporto, que funciona no térreo do edifício.

Cerqueira chegou ao prédio (avenida Beira Mar, 216, centro) pouco depois das 16h. Ele trabalhava com Nilo Batista no Instituto Carioca de Criminologia, uma ONG (organização não-governamental).

Testemunhas contaram aos policiais responsáveis pela investigação que o sargento atirou com um revólver assim que o coronel parou no saguão à espera do elevador.

Segundo as testemunhas, o tiro atraiu pelo menos dois seguranças da terma. O suspeito teria enfrentado os seguranças, mas foi baleado. Às 19h, ele estava sendo operado no hospital Souza Aguiar (centro).

Cerqueira morreu na hora. Há controvérsias sobre se ele esboçou reação. Debaixo do cadáver, o perito Oswaldo de Paiva Netto, do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, achou um coldre vazio. A arma não apareceu.

O perito encontrou uma cápsula de bala calibre 38 no corredor dos fundos do prédio. Encontrou ainda uma marca de tiro na parede do saguão, mas a cápsula não foi localizada.

Foi apreendido no local o revólver 38 que teria sido usado pelo assassino, A arma tinha quatro cápsulas deflagradas.

Pessoas que trabalhavam no prédio contaram ter ouvido cinco ou seis disparos. A polícia recebeu de um flanelinha (pessoa que toma conta de carros na rua) a informação de que um homem negro e alto teria fugido em correria logo após os tiros.

Retrato falado do suposto assassino coincide com o semblante do sargento, disse à noite o delegado Gilberto Ribeiro, da 5ª DP, delegacia responsável pela área onde o crime ocorreu.


Pai de sete filhos, Cerqueira estava aposentado na Polícia Militar, desde o fim do segundo governo de Brizola, em 94.

Estudioso da questão da violência, ele trabalhava como vice-presidente da ONG, que funciona no escritório de Nilo Batista.

Interdição

Depois do crime, o prédio foi interditado. Todas as pessoas que estavam nos escritórios de seus 13 andares foram cadastradas. Ninguém entrava ou saía do prédio sem autorização.

O coronel Valmir Brum, da Central de Inquéritos da Procuradoria Geral de Justiça, disse que vingança é a hipótese mais provável.

"Quem fez isso, fez para matar", afirmou ele.

Basquete

Subsecretário da Casa Militar no segundo governo Brizola, o coronel Heleno Barbosa disse que Cerqueira se encontraria no prédio com Nilo Batista.

Os dois seguiriam para uma partida de basquete, esporte preferido do coronel.

"O coronel Cerqueira era um homem íntegro, defensor dos direitos humanos e que instituiu o policiamento comunitário. Foi um crime bárbaro", afirmou Brum.

Fontes: wikifavelas   , folha.uol.com.br , historiaeparcerias.rj

terça-feira, 11 de maio de 2021

"VÃO ME MATAR!"

 

Essa foi a frase dita por seu Antônio Correia no dia 02 de março de 2020, durante uma reunião da SDR (Secretaria de Desenvolvimento Rural), em Salvador.

Na ocasião, seu Antônio ,Koinonia e outras instituições debateram sobre a gravidade do conflito de terra que ele estava envolvido em Camamu, e que já vinha se arrastando desde 2014. E como previu naquele dia, DOIS MESES depois, ele foi morto com 3 tiros, dentro de sua casa.

O conflito se deu com pessoas da comunidade do Varjão, referente ao uso de uma casa de farinha que está localizada numa área da comunidade quilombola do Barroso.

Essa área era da família de seu Antônio e foi doada para a associação para ser de uso coletivo da comunidade, conforme explicamos em uma matéria publicada no site OQ, e que pode ser lida no link: bityli.com/5AT5D.

Hoje faz um ano que seu Antônio foi assassinado, e a morosidade da justiça ainda não deu conta de punir os assassinos e responder para a comunidade quem são eles e o motivo do assassinato.

Ontem e hoje publicamos vídeos dos amigos e familiares do seu Antônio, que vieram a público clamar por justiça e pedir pela punição dos culpados.

O assassinato de seu Antônio, assim como o da vereadora #MarieleFranco, é um dos muitos casos de assassinato de líderes comunitários e representantes do povo que estão sem resposta. Não podemos deixar esses crimes impunes, e é por isso que Koinonia se junta à comunidade de Camamu, ao povo do Quilombo do Barroso e pede por justiça.



Nós queremos saber: QUEM MATOU SEU ANTÔNIO CORREIA?