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segunda-feira, 24 de maio de 2021

Vitima de atentado a bala, líder do movimento Black Lives Matter , conhecida como a "Pantera Negra de Oxford", está em estado grave.

 
(Foto: Getty)

Áudio de Matéria no final da pagina.

Organização de Sasha Johnson, o Taking The Initiative Party, revelou que inglesa recebeu inúmeras ameaças de morte.

O partido Taking the Initiative revelou que Sasha Johnson, uma das principais ativistas do movimento Black Lives Matter no Reino Unido e que ficou conhecida como a Pantera Negra de Ofxord, está internada em estado grave na UTI depois de ser "brutalmente atacada" na madrugada de domingo. O grupo alega que o ataque, ocorrido em Southwark, no sul de Londres, ocorreu após "inúmeras ameaças de morte". 

Sasha foi baleada na cabeça na madrugada de domingo perto de uma festa em Londres, quando estava ao lado de alguns de seus apoiadores, que insistem que o atentado foi "o resultado de seu ativismo". No entanto, a Polícia Metropolitana insiste que não há nada que sugira que tenha sido um ataque direcionado ou que a vítima tenha recebido ameaças confiáveis ​​contra ela antes do tiroteio, por volta das três da manhã de ontem.

Os policiais disseram que a mulher foi levada a um hospital no sul de Londres com ferimentos fatais e abordaram testemunhas atrás de depoimentos para descobrir quem teria efetuado o disparo. Detetives do Comando de Especialistas em Crimes do Met estão conduzindo investigações no local e na área ao redor e estão abordando diferentes linhas de investigação.

Em depoimento, um representante da polícia afirmou: "Este foi um incidente chocante que deixou uma jovem com ferimentos muito graves. Nossos pensamentos estão com sua família, que está recebendo apoio neste momento terrivelmente difícil". "Se você viu algo suspeito na área da Consort Road nas primeiras horas da manhã de domingo ou se ouviu informações que desde então poderiam ajudar os detetives, é fundamental que você entre em contato", continuou o investigador. 

 Sasha, mãe de dois filhos e formada pela Oxford Brookes University, tem sido uma figura importante no movimento Black Lives Matter no Reino Unido e é membro do comitê de liderança do Taking the Initiative Party. Em comunicado oficial, a organização escreveu: "Sasha sempre lutou ativamente pelos negros e pelas injustiças que cercam a comunidade negra, além de ser membro do BLM e do Comitê de Liderança Executiva do Taking the Initiative Party. Sasha também é mãe de dois filhos e uma voz forte e poderosa para nosso povo e nossa comunidade. Vamos todos nos reunir e orar por Sasha, orar por sua recuperação e mostrar nosso apoio a sua família e entes queridos".

Fonte: Revista Monet Globo

Áudio de Matéria:


sábado, 15 de maio de 2021

ESTADOS NÃO SABEM RAÇA DE MAIS DE 1/3 DOS MORTOS PELA POLÍCIA EM 2020; DADOS DISPONÍVEIS MOSTRAM QUE 78% DAS VÍTIMAS SÃO NEGRAS

 

Imagem: Site Catraca livre

Reportagem Também em Áudio no fim da pagina.

Onze estados não fornecem as informações das vítimas das duas polícias. Mesmo entre os que coletam os números, há vários casos de ‘raça não informada’. Dados divulgados revelam que quase 4 em cada 5 mortos são negros.

Os estados brasileiros não sabem ou não informam a raça de mais de 1/3 das pessoas mortas pela polícia em 2020. Ao menos 11 unidades da federação não passam nenhum tipo de informação sobre a raça/cor da pele das vítimas das duas corporações (polícias Militar e Civil). Mesmo entre os que coletam e disponibilizam os dados, há vários casos de “raça não informada”.

Considerando apenas os casos em que a raça é divulgada, os números revelam que 78% dos mortos pelas polícias são negros.

É o que mostra um levantamento exclusivo feito pelo G1 dentro do Monitor da Violência, uma parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Núcleo de Estudos da Violência da USP.

LEVANTAMENTO NACIONAL: Número de policiais mortos cresce em 2020; o de pessoas mortas em confrontos tem ligeira queda

PÁGINA ESPECIAL: Mapa mostra mortes por policiais no país

ANÁLISE DO FBSP E DO NEV-USP: Polícias (in)controláveis

INICIATIVA: Grupo de ativistas combate impunidade em casos de violência policial na periferia

METODOLOGIA: Monitor da Violência


Falta transparência na divulgação da raça de mortos pela polícia — Foto: Guilherme /G1

Os pedidos foram feitos para as secretarias da Segurança Pública dos estados (e diretamente para as corporações em alguns casos) por meio da Lei de Acesso à Informação e das assessorias de imprensa. Foram solicitados os casos de “confrontos com civis ou lesões não naturais com intencionalidade” envolvendo policiais na ativa.

Com exceção de Goiás, que não divulga nenhuma informação, todos os estados informam a quantidade de pessoas mortas pela polícia: 5.660, uma ligeira queda (-3%) em relação a 2019.

Dez estados, porém, não divulgam as mortes em confronto policial por raça, informação que também foi solicitada pelo G1. Assim, com Goiás, são 11 os estados que não divulgam as informações raciais de forma completa (de ambas as polícias). Eram 12 no último levantamento, referente ao primeiro semestre do ano passado.

O levantamento mostra que:

a raça de 2.064 das 5.660 pessoas mortas pela polícia em 2020 não é conhecida, ou seja, 36% do total

11 estados não divulgam os dados de raça das vítimas de ambas as polícias

das 3.596 vítimas para as quais há a informação da raça, 2.815 são negras (78%)

Acre e Roraima são os únicos estados que informam a raça de todas as vítimas mortas no ano

mesmo entre os estados que coletam os dados, 1.013 vítimas aparecem como raça “não informada” ou “desconhecida”

Falta de transparência

Para Felipe Freitas, pesquisador do Grupo de Pesquisa em Criminologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, a falta de informações impede a construção de políticas públicas democráticas na área da segurança.

“Nas áreas da saúde e da educação, por exemplo, só foi possível avançar em uma agenda de enfrentamento ao racismo à medida em que se qualificaram os instrumentos de registro das informações, que permitiram identificar a desigualdade racial”, compara.

Além da não divulgação dos dados, a falta de padronização chama a atenção. Há casos em que “albino” foi considerado uma raça, por exemplo, sendo que o albinismo é uma doença, e não uma categoria racial.

A referência é a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que trabalha com as seguintes opções: branca, preta, parda, indígena ou amarela. Os pardos e pretos compõem os negros.

Para superar essas dificuldades, Freitas aponta que um dos caminhos é treinar as equipes da área da segurança pública para perguntar e preencher a informação sobre sobre raça/cor, assim como ocorreu nos serviços públicos de saúde.

“A área da saúde passou quase dez anos investindo em formação para que eles aprendessem a, no atendimento da atenção básica, perguntar qual a raça/cor dos pacientes. É preciso desenvolver o processo de formação, corrigir os sistemas para não permitir que se avance sem preencher essa informação e retirar as categorias ignorado ou ‘não quis declarar’, que criam uma limitação estatística gigantesca”, exemplifica.

Não houve nenhum caso enquadrado como “indígena”, por exemplo, no levantamento do G1. Isso não quer dizer que nenhuma pessoa indígena foi, de fato, morta pela polícia. Como não existe uma padronização oficial de preenchimento, elas podem ter sido categorizadas como pardas ou podem constar da categoria “não informado”.


Manifestantes erguem a bandeira do Black Lives Matter — Foto: Kerem Yucel/AFP

Por que a polícia mata mais negros?

Para Felipe Feitas, o racismo estrutural explica por que a polícia mata mais pessoas pretas e pardas. “O peso das representações negativas e dos estereótipos em relação às pessoas negras produz socialmente essa autorização para matá-las”, afirma.

No entanto, há questões técnicas, relacionadas à dinâmica entre a polícia e o Judiciário, que influenciam essa seletividade, diz. 

“O modelo de policiamento brasileiro é ostensivo, de grandes operações e de flagrante. E a atuação do policial na rua é muito influenciada pelas práticas discriminatórias que estão presentes na sociedade. Assim, há um alto grau de discricionariedade no contato com a população. E o Judiciário é muito frágil em estabelecer balizas para a ação policial”, explica Freitas.

Negros são 78% dos mortos pelas polícias no Brasil em 2020. — Foto: Elcio Horiuchi/G1

A diretora da Anistia Internacional, Jurema Werneck, também aponta a responsabilidade do Judiciário e do Executivo, principalmente dos governadores, nos assassinatos de negros cometidos pelos agentes de estado. 

“Não é só matar, é deixar matar. O racismo na administração do estado também está contribuindo para esse quadro”, afirma Jurema. “E esconder informação é uma estratégia para continuar permitindo essa violação profunda dos direitos humanos das pessoas negras no Brasil."

Como parte da solução, Felipe Freitas aponta que, mais do que focar nas polícias, a sociedade civil precisa pressionar outras instâncias de poder – o Ministério Público, por exemplo, tem a função constitucional de controle externo das polícias.

“E não só para pensar se o policial que age abusivamente está sendo punido ou não, mas que não se valide o produto da ação policial que não é produzida legalmente. Isso é uma forma de estimular uma conduta policial dentro da legalidade e, ao mesmo tempo, reprimir a ação policial fora da legalidade”, diz Freitas.

Morte de George Floyd

Discussões sobre racismo e raça ganharam destaque em todo o mundo capitaneadas principalmente pela onda de protestos que tomou os Estados Unidos após a morte do ex-segurança negro George Floyd por um policial em Minneapolis em 25 de maio do ano passado.


Manifestante segura cartaz com retrato de George Floyd durante protesto em Nova York — Foto: Angela Weiss/AFP

O americano morreu asfixiado após ter o pescoço prensado pelo joelho do policial Derek Chauvin por 8 minutos e 46 segundos. Um vídeo que mostra o momento da sua morte circulou pela internet, aumentando a visibilidade do caso e gerando indignação. Nos dias seguintes, diversas cidades do país registraram protestos por conta da violência policial cometida contra a população negra. Os atos ganharam o mundo e ocorreram também no Brasil.

Chauvin foi expulso da polícia. Nesta terça (20), ele foi considerado culpado em todas as três acusações de homicídio.

Justificativas dos estados para a falta de dados

Os estados que não divulgam as informações de raça têm explicações distintas para a falta de transparência.

No Amazonas, por exemplo, a Secretaria da Segurança Pública diz apenas que “os dados não são coletados com esse detalhamento”.

Já em Minas Gerais, o governo diz que “para elaboração dos dados são necessários trabalhos laboriosos de análise, consolidação e tratamento” e, por isso, não tem condição de passar as informações referentes à Polícia Militar.

No Pará, a justificativa é que “a grande maioria [dos dados] não foi informada no momento do preenchimento do boletim de ocorrência”. O estado, porém, não diz a raça de nenhuma das vítimas.

O Núcleo de Análise Criminal e Estatística da Secretaria da Segurança da Paraíba, por sua vez, diz que, do mesmo modo como é feito pelo IBGE, o método de captação do dado de raça/cor é a “auto declaração”. “Porém, como isso não é possível para as pessoas mortas, na verificação estatística deste quesito utiliza-se o registro da classificação inserida na Declaração de Óbito que compõe o Sistema de Informação de Mortalidade do Datasus.”

“Esse é o documento oficial, muito mais seguro e apropriado do que uma informação de um parente ou de um policial que visualiza o corpo. Em razão disso, como se utiliza outra fonte de dados para a verificação do quesito raça/cor, não é possível desagregar esta variável para as outras classificações do banco de informações oriundas das polícias utilizado pelo núcleo, a exemplo dos inquéritos policiais, de onde vêm as informações para classificar o CVLI como feminicídio, latrocínio, confronto policial, entre outros”, diz a secretaria.

  Fonte:g1.globo

Áudio. 



quinta-feira, 13 de maio de 2021

O CANDOMBLÉ E OS PRETOS VEHOS


 Conteúdo em Áudio Abaixo do Texto.

No mês de maio as Casas de Umbanda festejam os Pretos Velhos. Já os Barracões de Candomblé, dividem-se. Uns, aderem aos festejos. Outros, fazem questão de rejeitar as comemorações, alegando inexistir culto aos Pretos Velhos na Liturgia africana. Acho mais do que pertinente lançar algumas ponderações a respeito.

Não resta sombra de dúvidas que o culto aos deuses africanos no Brasil (como já diferiam Pierre Verger e Roger Bastide) não é igual ao da África. E não foi apenas o Oceano Atlântico que proporcionou as distinções. Além da geografia, o tempo, a cultura, os aspectos sociais, os episódios históricos, os novos sentires, os novos olhares e a própria fauna e flora, contribuíram decisivamente para que várias alterações fossem realizadas no rito original. O que eu chamo de “releitura”. Nada engendrado, nem premeditado. Apenas ocorrido. 

Todavia, adaptado ou não; relido ou não, a organização sócio-religiosa que nós chamamos de Candomblé só existe no Brasil graças aos negros africanos de diversas etnias e a seus descendentes. Graças a eles. À alma deles.

Naquela época, dizia-se que os “negros não tinham alma”. Mas hoje, há que se dizer: tinham, sim! Têm, sim! O Candomblé deve sua existência à alma deles! Dos “Pretos Velhos”, dos “Pretos Novos”, dos “Pretos”, dos velhos, dos novos. Negar a importância daqueles homens e mulheres sábios e briosos na formação do Candomblé, é negar novamente e preconceituosamente sua alma, seu espírito guerreiro, sua dignidade, sua força.

Os negros africanos chegaram nesta terra distante em condições precárias, despojados de sua liberdade, família, bens e costumes. Mas não abandonaram sua religiosidade.

Foram confinados em navios pútridos e em galpões inabitáveis. Separados dos seus, foram vendidos como animais em praça pública até serem finalmente jogados em senzalas onde eram misturados com outros desafortunados. Congoleses, angolanos, daomeanos, iorubanos, trabalhavam de sol a sol, sem direitos, sem reconhecimento.  

A despeito de tudo, esse povo corajoso não deixou que se perdesse o único bem que lhes restara a salvo de seus algozes: sua crença.

Em que pese o massacre físico e emocional, os escravos mantiveram acesa a chama da fé. Venceram a opressão, a dor física e o sofrimento moral. Apesar de proibidos de cultuar seus Deuses pela brutalidade dos feitores, encontraram no sincretismo com imagens de Santos católicos, uma forma de lograr os brancos e agradar aos seus ancestrais.

Se hoje, séculos após, podemos livremente bater no peito e erguermos a voz para nos dizermos candomblecistas, devemos àquele Povo heróico, que conseguiu a proeza de, na condição de escravos, perpetuarem sua herança; manterem viva sua memória.

O Candomblé deve sua alma a eles. O Candomblé tem a “alma” deles. Negar isso é negar novamente a alma dos negros.

Os fundadores “dos Candomblés” são nossos ancestres, são nossos “ésà”. São nossos “mais velhos”. São nossos “Pretos Velhos”. Se do Benin, de Angola, do Congo, ou de Kétu. Não sei. Não sei em que terra, ou terreiro. Não sei. Sei que os quero por perto. Bem perto. Salve a alma deles! Adorei as almas!

Salve Joaquim, Benedito, Roque, Maria Joana, Aninha, Senhora, Talabi, Salakó! Salve! Salve Menininha, Salve Stella, Salve Olga, Salve Beata! Salve as almas dos “Pretos”! Salve a viva alma dos “Velhos”!

Texto : Márcio de Jagun
#Povodafloresta 🍃🌿

Conteúdo em Áudio