A saúde do homem negro brasileiro em um país marcado pelo racismo estrutural é um tema complexo e urgente que merece toda a nossa atenção. De acordo com dados do IBGE, os negros representam a maioria da população brasileira, sendo 56% do total, porém, enfrentam inúmeras desigualdades sociais, econômicas e, principalmente, na área da saúde.
Desde os tempos da escravidão, o homem negro no Brasil foi submetido a condições degradantes, trabalho exaustivo e violência constante. Essa realidade histórica deixou marcas profundas na saúde dessa população, que até os dias atuais enfrenta altos índices de morte precoce, doenças crônicas e agravamento de problemas de saúde.
O Sistema Único de Saúde (SUS) deveria ser a principal porta de acesso à saúde para todos os brasileiros, no entanto, evidências mostram que as políticas de saúde não contemplam as necessidades específicas do homem negro. Pesquisas revelam que eles têm menor expectativa de vida, maior índice de doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão e câncer, em comparação com outros grupos étnicos.
Outro grave problema enfrentado pelo homem negro é a violência. Dados do Atlas da Violência mostram que a taxa de homicídios entre jovens negros é muito superior à de jovens brancos. Essa violência também afeta diretamente a saúde mental, resultando em traumas, ansiedade e depressão.
Diante dessa realidade, questionamos o descaso e a falta de políticas públicas efetivas voltadas para a saúde do homem negro. É inadmissível que em um país que se denomina democrático, ainda existam tantas desigualdades raciais na área da saúde.
Como
afirmou o geógrafo Nilton Santos, "Onde há racismo, não há
democracia". Precisamos urgentemente desconstruir esse sistema estrutural
de racismo e garantir o direito à saúde de todos os brasileiros, incluindo o
homem negro. É fundamental que sejam desenvolvidas políticas públicas e ações
afirmativas que levem em consideração as particularidades dessa população,
promovendo acesso igualitário aos serviços de saúde e garantindo uma vida digna
para todos.
Jucelio
Franco
Coordenador
do Instituto Agontinmê
e
Coordenador Estadual do Coletivo Homem Falando de Sua Saúde
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